quinta-feira, 5 de junho de 2014

Vazio



Suspirar acumulado
Nas lágrimas que ameaçam pingar
O vermelhidão do choro, oculta a beleza da face
Já não há tempestades ,esplendidos trovões,
Só restou uma espécie de garoa fina
No inverno escuro, melancólico
O corpo-chuva desce, lentamente, sem camadas

Sem nada expressar

Sem entender, viver



sábado, 31 de maio de 2014

Ultima semana do espetáculo  “A pior das Intenções” direção por Mário Bortolotto
30/05 a 01/06


  O espetáculo “A Pior das Intenções, a escritora Bárbara coloca em xeque o relacionamento com a amiga, Carla, que despreza seu ofício sem saber os motivos da sua escolha, colocando em risco a amizade entre as duas. Relacionamentos amorosos são discutidos em tom de superficialidade até que o subtexto da relação entre as duas vem à tona.

Na trama, Bárbara viaja para uma casa no interior obstinada à terminar seu novo livro, um romance sobre um senhor de 83 anos que vive isolado numa vila em Trieste. Então, somos apresentados à Carla, que fez o favor de se convidar e deu um jeito para viajar junto com a amiga. O confinamento na casa parece despertar nas duas sentimentos soterrados pelo tempo, as amigas de longa data, desde a época do colégio, embarcam numa espécie de simbiose com o espaço e deixam vir à tona os monstros que assombram a relação aparentemente pacífica, até se deixarem envolver num turbilhão de intrigas, aparências e confissões. O texto expõe de forma demolidora toda a fragilidade que reside nas relações humanas, bem como as dúvidas, desejos e incertezas de uma escritora solitária. 



Na verdade o texto faz parte da trilogia do diretor e autor Mário Bortolotto,  que compõe as peças “BorrascaA pior das intenções” e Whisky e Hamburguer”,  são como um estudo da precariedade das relações, apenas com o intuito de arriscar um salto em águas profundas que possibilitem aquela falsa impressão de que é possível que não voltemos mais a tona.
O texto é o elemento principal da peça, exerce uma forte atração sobre o espectador, que vai sendo conduzido por uma trilha sonora que instiga, cativa e emociona, colorindo a ação verborrágica permeada por uma interpretação sutil e reveladora.

Todas as vezes que mergulhamos, é o primeiro pensamento que vem à nossa cabeça. Talvez não consigamos voltar à superfície. As três peças fecham um mesmo pensamento. Não é simplesmente o mapeamento das relações que envolvem aqueles que consideramos como amigos.
É justamente esse mergulho desprovido de proteção, é a possibilidade de não voltar a tona. É o tour noturno das duas personagens no final da peça. É a história que vai continuar sendo contada e da qual não seremos mais testemunhas.
Não seremos sequer testemunhas. 


“A pior das Intenções”

Texto,Direção, Sonoplastia e Iluminação: Mário Bortolotto
Assistente de direção: Guiherme Junqueira
Atrizes: Patrícia Vilela, Jerusa Franco, Aline Abovsky, Liz Reis e Renata Airoldi
Operação Técnica: Walter Figueiredo
Ultima Semana: Terça–feira(27/05) às 21h30 e sessões extra sexta-feira (30/05) às 21h30 , sábado (31/05) às 21h30 e domingo (01/06) às 20h30.
Local: Teatro Cemitério dos Automóveis – Rua Frei Caneca, 384, Telefone 2371-5744
Ingressos: R$20,00(inteira)e R$10,00(meia) Capacidade: 40 lugares
Duração: 50min
Indicação etária: 14 anos
Assessoria de Imprensa: Liz Reis –  (11)99292-8707




Compartilho um trecho, do livro que estou lendo "O Olho Imóvel pela Força da Harmonia", de Willian Wordsworth, e recomendo, vale apena ler o livro. No momento me trás o que mais desejo, ouvir e sentir. Nem sei se estou misturando tudo, ou se depois de escrever vou mudar totalmente minha opinião e vontade, afinal como li uma vez em um dos livros do Artaud, acho que no “Teatro e seu Duplo”, ou talvez mais provável ou em ambos, no “Van Gogh o suicidado da sociedade”, que tudo que é (está) escrito está morto, “Toda escrita é porcaria” ou algo assim, porque, transforma imediatamente.
E neste caso vou dizer que tenho a impressão que passamos à vida, com certa dose de insatisfação, e escuto muita “bobagem/confusão” por aí, principalmente, quando pessoas falam de sucesso, fracasso e amor. O que posso notar é que definitivamente, as pessoas, e que fique bem claro, que não estou me excluindo, já se maltrataram tanto, que não sabem mais nada. Falo com meus amigos todos os dias, e me assusto com suas paixões descabidas, com suas covardias profissionais, emocionais, uns querem tudo, e nada o satisfaz, outros ficam projetando amores, ou negando, sem falar nos estereótipos, cada vez mais as pessoas são ou querem ou precisam ser diferentes, vestir suas máscaras, quando estão em grupos.
Lendo os versos escritos a poucas milhas da Abada Tintern, Revisitando as Margens do Rio Wye, 13 de julho de 1798. Minha memória retornou para o rosto de um antigo namorado, que certa vez no auge da sua paixão, escreveu-me uma poesia linda, e disse-me, “quando olho pra você, vejo, sinto todos os elementos da natureza e todas as Deusas em uma única mulher”, ele me disse com tanto amor e brilho no olhar, que fiquei totalmente sem graça, mas nunca mais esqueci, a força como ele me olhou e emitiu as palavras, e eu, infelizmente, não entendia, e talvez nem soubesse amar com tanta intensidade, mas confesso que senti certa dose de inveja do sentimento que ele conseguia expressar, mesmo sendo pra mim, o que fica quase patético, porém, eu não alcancei toda a beleza daquele momento.
Queremos tanto ser amados e amar que às vezes, agimos totalmente na contramão.
Volto ao trecho da contemplação e ligação do poeta com a natureza, pois o objetivo não é relatar amores pessoais, e sim, encontrar na natureza, o que podemos ter no todo do no ser, e aí, todo o resto será forte e verdadeiro, mas principalmente leve, em paz.

... “Deixa a lua brilhar
Brilhar sobre ti na tua trilha solitária,
E liberta os ventos enevoados da montanha
Para que sobre ti se esparjam: E nos anos futuros,
Quando amadurecerem os êxtases selvagens
Num sóbrio prazer e tua alma
Tornar-se morada das belas formas,
E tua memória amparar
Todas as doces harmonias e sonoridades;
Oh! Aí, se a solidão, o temor, a dor e o pesar
Te afligirem, lembra-te-às de mim
Com pensamentos benéficos de terna alegria
E de minhas encorajadoras palavras! Nem mesmo
Se ficar longe de tua voz,
Ou entrever nos teus olhos selvagens os brilhos
De tua antiga existência – esquecerás
Que nas margens deste formoso riacho
Estivemos juntos e eu, que por tanto tempo
Tenho sido um devoto da Natureza, aqui me encontro
Incansável neste labor e , mais que isso, chego
Com um amor intenso – e com um zelo mais profundo
Do mais sagrado amor. Nem esquecerás
Que mesmo após muito vagar e tantos anos
De ausência, esses íngremes bosques e altivos penhascos
E esta verde paisagem pastoril foram para mim
Mais caros tanto por si sós quanto por ti”...

domingo, 25 de maio de 2014

Ultima semana do espetáculo a “A pior das Intenções” no Cemitério dos Automóveis- escrito e dirigido por Mário Bortolotto, fará sessões extras.


  O espetáculo “A Pior das Intenções, a escritora Bárbara coloca em xeque o relacionamento com a amiga, Carla, que despreza seu ofício sem saber os motivos da sua escolha, colocando em risco a amizade entre as duas. Relacionamentos amorosos são discutidos em tom de superficialidade até que o subtexto da relação entre as duas vem à tona.
Na trama, Bárbara viaja para uma casa no interior obstinada à terminar seu novo livro, um romance sobre um senhor de 83 anos que vive isolado numa vila em Trieste. Então, somos apresentados à Carla, que fez o favor de se convidar e deu um jeito para viajar junto com a amiga. O confinamento na casa parece despertar nas duas sentimentos soterrados pelo tempo, as amigas de longa data, desde a época do colégio, embarcam numa espécie de simbiose com o espaço e deixam vir à tona os monstros que assombram a relação aparentemente pacífica, até se deixarem envolver num turbilhão de intrigas, aparências e confissões. O texto expõe de forma demolidora toda a fragilidade que reside nas relações humanas, bem como as dúvidas, desejos e incertezas de uma escritora solitária. 

Na verdade o texto faz parte da trilogia do diretor e autor Mário Bortolotto,  que compõe as peças “BorrascaA pior das intenções” e Whisky e Hamburguer”,  são como um estudo da precariedade das relações, apenas com o intuito de arriscar um salto em águas profundas que possibilitem aquela falsa impressão de que é possível que não voltemos mais a tona.
O texto é o elemento principal da peça, exerce uma forte atração sobre o espectador, que vai sendo conduzido por uma trilha sonora que instiga, cativa e emociona, colorindo a ação verborrágica permeada por uma interpretação sutil e reveladora
Todas as vezes que mergulhamos, é o primeiro pensamento que vem à nossa cabeça. Talvez não consigamos voltar à superfície. As três peças fecham um mesmo pensamento. Não é simplesmente o mapeamento das relações que envolvem aqueles que consideramos como amigos.
É justamente esse mergulho desprovido de proteção, é a possibilidade de não voltar a tona. É o tour noturno das duas personagens no final da peça. É a história que vai continuar sendo contada e da qual não seremos mais testemunhas.
Não seremos sequer testemunhas. 


“A pior das Intenções”

Texto,Direção, Sonoplastia e Iluminação: Mário Bortolotto
Assistente de direção: Guiherme Junqueira
Atrizes: Patrícia Vilela, Liz Reis, Jerusa Franco, Aline Abovsky e Renata Airoldi
Operação Técnica: Walter Figueiredo
Ultima Semana: Terça–feira(27/05) às 21h30 e sessões extra sexta-feira (30/05) às 21h30 , sábado (31/05) às 21h30 e domingo (01/06) às 20h30.
Local: Teatro Cemitério dos Automóveis – Rua Frei Caneca, 384, Telefone 2371-5744
Ingressos: R$20,00(inteira)e R$10,00(meia) Capacidade: 40 lugares
Duração: 50min
Indicação etária: 14 anos

sábado, 24 de maio de 2014

Um pouco da alma


A alma vai-se tendo.
Ninguém a tem constantemente
nem para sempre.

Dia após dia
ano após ano,
pode passar-se sem ela.

Ás vezes
é nos arroubos e medos da infância
que se instala por mais tempo.
Outras vezes é no espanto
perante a nossa velhice.

Raramente nos assiste
nas tarefas maçadoras,
como deslocar uns móveis
carregar umas malas
ou calcorrear uma estrada com as botas apertadas.

Enquanto se preenche um inquérito,
ou se pica a carne,
regra geral, está de folga.

Em mil conversar nossas
participa numa,
e não necessariamente,
pois prefere o silêncio.

Quando o corpo nos começa  a doer e a doer,
Ela abandona furtivamente o seu posto.

É caprichosa:
com desagrado nos vê na multidão,
repugna-lhe a nossa luta por uma tal prevalência
e o matraquear dos negócios.

Alegria e tristeza
não são para ela sentimentos distintos.
Apenas na ligação dos dois
está ela ao nosso lado.

Podemos contar com ela,
quando de nada estamos certos,
porém curiosos de tudo.

Dos objetos materiais,
gosta dos relógios de pêndulo
e dos espelhos que trabalham assiduamente,

mesmo sem ninguém olhar.

(Wistawa Szymborska - tradução de Elzbieta Milewska e Sérgio Neves)

terça-feira, 20 de maio de 2014

Será isso amor ? Eu que era tão forte, agora estou frágil Eu que podia falar de qualquer assunto , agora não posso mais Eu que sempre estava tão segura no sexo, agora não estou mais Eu que não tinha medo de roubar um beijo, agora nunca mais vou roubar Eu que fiz todos os cafés das manhãs, não consigo pegar um copo de água Eu que gosto tanto de me banhar, não consigo levantar Estou febril nessa indiferença Olhos embaçados, nessa sucata de angustia Será mesmo que devo desistir? Porra, não sou um tipo de mulher frágil que precisa de homem Sou eu, aquela que faz, sim, eu cuido muito bem da minha vida, sim Mas no amor existe troca, fazer pelo outro, sabe Um carinho que você manda em uma mensagem, pode significar ganhar uma Ferrari pra outros Eu estou mesmo cansada, e queria que você nos levasse mais a serio, porque me dói, ter que desistir de você E será mesmo isso amor? Não sei, já vivi tantas coisas, e agora, isso, Você com essa indiferença, não me dá escolha, só me resta travar o choro, e seguir em frente.

sábado, 17 de maio de 2014

TEAT(R)O OFICINA ENTRA EM CARTAZ PRODUZ MUSICAL
SOBRE RELAÇÃO DOS ARTISTAS COM O GOLPE DE 64

Texto escrito e dirigido por Zé Celso revela uma relação de 50 anos com o imaginário da Ditadura Militar e seus efeitos para o Brasil ainda hoje.


Estamos há poucos dias da Copa e próximos às eleições; ano difícil. Estamos também em 1964; Cacilda Becker (Camila Mota) é dirigida por Walmor Chagas (Marcelo Drummond) em A Noite do Iguana, de Tennessee Williams, e Cleyde Yáconis (Letícia Coura) foi presa no TBC; paira um clima de interdição aos teatros onde peças ditas subversivas fazem sucesso. Hoje, no Teat(r)o Oficina, os artistas se reúnem para reinterpretar os fatos da história recente e atual do Brasil, transmutados em vida TEATAL. O resultado é o musical Walmor y Cacilda 64 – Robogolpe, escrito por José Celso Martinez Corrêa e recriada pela Associação Teat(r)o Oficina Uzyna Uzona como mais um canto vivo e solar pela liberdade encarnada em cena por cada atuador.

Dirigida pelo próprio Zé Celso, Walmor y Cacilda 64 – Robogolpe tem direção musical de Adriano Salhab, Montorfano e Giuliano Ferrari, com trilha original inédita de Zé Celso e Cia. Oficina Uzyna Uzona. A montagem conta com cerca de 30 atuadores da Cia. Oficina Uzyna Uzona e da Universidade Antropófaga, entre músicos, atores, artistas visuais, videomakers, técnicos e iluminadores. A temporada acontece de 26 de maio a 29 de junho, sempre aos sábados (21h) e domingos (19h). Todas as sessões têm transmitidas ao vivo pela TV Uzona, no site www.teatroficina.com.br .

Com Walmor y Cacilda 64 – Robogolpe, o Oficina coloca em cena o desejo cinquentenário de liberdade. Pessoas/Personagens/Multidões renascem depois da 1ª Cena da Tragédia Político Brazyleira: Seu Ator-Dramaturgo-Criador, o Presidente Getúlio Vargas (Marcelo Drummond), em seu suici-DAR-se político estratégico, aborta o Golpe e faz nascer, com seu texto trágico “Carta Testamento”, o desejo das “Reformas de Base”. Surgem, inspiradas pela necessidade de mudança, as “Iguanas do Dragão de Muchas Cabeças” (Cia. Oficina), os “subversivos” que São Jorge Robogolpe (Haroldo Costa Ferrari) tenta submeter ao estado exceção. Mas a potência da criação, a força instintiva da inquietação continua viva na terra, no Dragão que não aceita mais seu papel de vilão.

Em 1964, dez anos mais tarde do suici-DAR-se de Getúlio, o DOPS intima a classe teatral paulista a depor na “Operação Sindicância para Apurar a Infiltração Comunista no Meio Teatral.” Maria Della Costa (Juliane Elting) e Cacilda Becker (Sylvia Prado) têm uma inspiração estratégica de Grandes Atrizes da Política, que é a Arte do Teatro em si: Ambas pedem que os artistas compareçam à delegacia com fantasias de bons moços e moças, como num cortejo. Cacilda veste um Dior; Maria recorre a modelos da casa Vogue. Alugam dois Rolls-Royce, chamam toda a imprensa e descem com seus sapatinhos forrados de suas carruagens, sob as luzes da Tupi e dos flashes de todos os jornais e revistas. Penetrando no pardieiro do DOPS, Cacilda e Maria Della Costa respondem ao interrogatório com uma clareza que deixa constrangido o delegado (Acauã Sol), diante das TVs que filmam a cena. As duas libertam não somente Cleyde Yáconis (Letícia Coura), como obtém a abertura de todos os teatros fechados depois de 1º de abril. Além desses, estão na montagem personagens importantes da história política e cultural brasileira, como Ítala Nandi (Liz Reis), Jango (Glauber Amaral), Darcy Ribeiro (Roderick Himeros), Maria Alice Vergueiro (Danielle Rosa), Brizola (Marcelo Drummond) e Marighlella (Glauber Amaral), entre outros.

Hoje o país ainda sofre os efeitos de uma Ditadura que insiste em se reinventar nos pequenos detalhes: o Poder do Estado pretende proibir o ato de manifestar-se livremente, com ou sem máscaras. Ao mesmo tempo, apresenta orgulhosa a nova armadura dos soldados da PM, uma máscara de corpo inteiro, fantasia de Robocop, para ser usada na “segurança” da Copa. A Cia. Oficina Uzyna Uzona, então, pergunta: Como nós, corpos sujeitos da vida e da história, seres livres vivos, vamos contracenar com esta estranha entidade – pessoa tanque de guerra de ficção científica?

Walmor y Cacilda 64 – Robogolpe foi apresentada pela primeira vez ao público no último dia 1º. de abril, como uma leitura encenada da programação da Vigília pela Liberdade, projeto que envolveu diversas companhias teatrais paulistas, convidadas para transformar em obra de arte suas visões sobre os 50 anos do Golpe Militar. Com a excelente recepção do público, a Cia. Oficina Uzyna Uzona decidiu continuar com os ensaio do texto e produzir o espetáculo para uma breve temporada de seis semanas. Walmor y Cacilda 64 – Robogolpe aparece, portanto, como um entreato da Odisseia Cacilda, que já deu vida a quatro espetáculos independentes e complementares: Cacilda! (de 1998, com uma exclamação), Estrela Brazyleira a Vagar – Cacilda!! (de 2009, com duas exclamações), Cacilda!!! Glória no TBC e 68 AquiAgora (com três exclamações, de 2013) e Cacilda!!!! A Fábrica de Cinema & Teatro (com quatro exclamações, também de 2013). A montagem de Cacilda!!!!!, com cinco exclamações, está prevista para estrear em julho desse ano.


Walmor y Cacilda 64 – Robogolpe

Dramaturgia e Direção: José Celso Martinez Corrêa
Conselheira poeta: Catherine Hirsch
Direção Musical: Adriano Salhab, Montorfano e Giuliano Ferrari
Trilha sonora original: Zé Celso e Cia. Oficina Uzyna Uzona

Temporada: De 26/04 a 29/06, sempre aos sábados (21h) e domingos (19h)
Local: Teat(r)o Oficina – Rua Jaceguai, 520. Tel: 11. 3106-2818.
Ingressos: R$ 40,00 (inteira) e R$ 20,00 (meia) e R$5,00 (moradores do Bixiga, mediante comprovação de residência. Meia entrada para idosos, artistas, professores e cartão Petrobras. Vendas pela Compre Ingressos ou na bilheteria do Teatro Oficina, uma hora antes da sessão.
Capacidade: 300 lugares
Duração: 120min
Indicação etária: 16 anos
Transmissão ao vivo pelo site www.teatroficina.com.br


                                                             Zé Celso "Nono"
                                                      Marcelo Drummond e Camila Motta
                                                          Walmor & Cacilda
                                                                Roderick Himeros
Liz Reis "Ittala Nandi"

domingo, 27 de abril de 2014

Essa tristeza que chega em trovões
Ressoam uma respiração de catástrofe
Monstros saem das covas
As cordas mortais e imaginarias
Estão em toda parte
Não tem mais chão
Nos pensamentos febris
Só devaneios tolos
Do cheiro doce dos momentos marshmallow
Ao bardo do eletro-choque
A poesia não pode mais curar
E porque eu dançarei? A noite sempre terminará vazia.
Sim! Eu ainda amo você.
Só restou esse interlúdio
O violino emudeceu
Na deterioração jovial
Sim! Estou envelhecendo compulsivamente
Na escuridão do meu quarto
Tropeçando nos livros espalhados
Ziguezagueando nas paredes da completa desesperança
Sangrando violentamente no silêncio
Ruídos excepcionais baterão este vazio, infinitas vezes
Perplexos com a clareza dos fatos
Vejo a melancolia penosa
Cogitando abandonar a maternidade
Será isso um estranho capricho?
Pequena descortesia?
Hoje à noite eu me despeço selvagemente

Desses últimos tempos que empalideceram a minha face.

terça-feira, 22 de abril de 2014

TALVEZ

Talvez ele não acredite mais
Talvez ele tenha certeza que somos incompatíveis
Talvez ele realmente não esteja interessado.
Ainda não vi sua entrega, ele também não viu a minha;
Só um sopro de algo que posso vir a ser
Eu ainda acordo ao seu lado, com duvida se ele me quer fora de lá
Eu ainda não sei, se ele quer que eu prepare um café da manhã
Essa semana eu consegui um pouco mais
Até li um livro na sala
Até assisti tv
E pela primeira vez eu fiz amor e não sexo
Mesmo tendo encontrando um grampo loiro no chão
E uma pulseira ao lado da cama...
Mesmo que uma lágrima tenha escorrido dos meus olhos
Um dia vou deixar minha toalha e shampoo lá
Um dia vou dizer que o que era paixão, agora é amor
Um dia ele vai entender que o que preciso no amor, não é alguém perfeito

Um dia ele estará aqui

segunda-feira, 14 de abril de 2014

Sonho Angélica....


Dia 14 de abril ela sonhou que Sr. S, vestido na sua armadura negra no ensaio do Teatro, foi se aproximando dela na escuridão na coxia do teatro, com olhos fechados ela sentia todos os poros do corpo respirar, um calafrio de desejo, e quando ele a beijou, um beijo longo, profundo, infinito, quente...
Subitamente alguém acendeu todas as luzes, ambos se deram conta, mas já era tarde para ter consciência que deveriam parar, fingindo não perceber, ficar ali loucamente apaixonados, resgatando suas almas perdidas, no desgaste dos desencontros, se amando loucamente, até que ela assombrosamente , sentiu a glote fechar e não conseguia respira, começou a vomitar pelo caminho de saída da porta do teatro, temia que ele a visse nesse estado. Ela vomitava toda sua angustia, solidão, medo, vida, morte, caminhou em direção ao um carro preto que não tinha bancos, entrou olhou para os proprietários que estavam em pé fora do automóvel com o porta-malas aberto, havia duas mulheres uma loira e uma castanha e um Homem castanho, todos pareciam, fazer uma transição ilícita e estavam negociando um par de sapatos de bico fino.
Angélica saiu novamente do automóvel e começou a vomitar só que agora ela quase não conseguia abrir a boca. Ainda com medo que ele a visse naquele estado lamentável tirou o lenço umedecido, que ela havia comprado para o filho de Sr. S, se limpava, boca, roupa queria ficar limpa pra ele.
Mas a falta de ar era feroz, ela fez um sinal para Sr. S, pedindo socorro, e este desesperado chamou um táxi.
Ela vomitava compulsivamente, e um rapaz que observava de repente se abaixo e comeu o vomito e emitiu um olhar como se naquele momento estivesse roubando sua vida. E só disse, você pediu, vai ficar tudo bem.
Angélica, então lembrou que pediu para que Deus a levasse, que não suportaria viver sem Sr. S, que a vida estava congelada, e muito sofrida sem a presença dele.
Sr. S virou para Angélica, e disse não faça isso, estou aqui meu amor, eu estou aqui...

Angélica, desesperadamente desejava viver, mas sabia que era quase impossível, lagrimas de dor e satisfação de lembrar-se dos beijos e ver nos olhos do Sr. S que ele ainda a amava, a consolava, mas também não queria que ele sofresse outra vez, não outra morte, e agora? Ele que já tinha perdido o tantos, não ela não podia, como viver agora. Ufa! Angélica que agora era Elisa, acordou! Seus dentes estavam serrados e Elisa, sentiu fortes dores no maxilar, e muito enjoo. Elisa escreveu o sonho, voltou a colocar a foto de Roy no perfil do seu iphone, e então adormeceu novamente...
 “Beat”

No uivo dos ventos posso ouvir você

Na delicadeza e frescor que nos toca a face

A ameaça que empurra-nos e faz-nos dançar

Tu és o anuncio do nevoeiro,

 No presente, passado e futuro

Tu que dormis pela manhã, à tarde escreves, à noite diriges

 e interpretas e na madrugada vives.

domingo, 13 de abril de 2014

Menino I
Olhos do céu enevoado, entre todo o caos da poluição animal e selvagem; 
                                                                                       Ah! Tons alaranjados! 
Lentamente meu olhar desce e lá esta ela a “faia”, hoje ainda mais bela. Sua exuberância não tem limites, ela dança serena ao toque dos ventos. O tronco viril parece rosnar toda a melancolia, como os quadros de Van Gogh e simbolizar as esculturas de Auguste Rodin, com tão profunda beleza e contorção.
Desejo descer os 130 degraus e simplesmente, abraça-la. 
O monge me disse quando o vazio chegar simplesmente sente-se aos pés da faia...
Sinto um eterno desejo de desistir, releio mil vezes “O suicídio não é uma solução” e o “Van Gogh o suicidado da sociedade”. Deixo o vazio secar a água escorrida na face, nestes dias de trevas!
Você está em todos os lugares, na borboleta impecável que me fez sorrir, nos delírios febris, nos calafrios solitários, na “Faia”...

In memoriam de Rafael
 (Rafael, serzinho poético, um menino de 11 anos, sem nenhuma sorte, que me trouxe muita sorte. Nós conhecemos no Hospital Emilio Ribas, sem família, com os dedos corroídos, recebendo diariamente seu coquetel, todos os dias que passamos juntos eu ganhei um presente. Cada canção que cantamos, Ah! como ele vibrava com “Chopin”, cada estória contada... Seus olhinhos de esperança, seu coração batia em uma velocidade que jamais alcançarei...).
Mulher

A magia do veneno lilás
Deságua seu liquido jocoso na caverna sulfurosa
E nos mulheres estamos vivas e escrevendo
Sol
Caminho no circulo do ar e furo a essência
Por isso, nos meninas, habitamos a brisa
Pra velejar em margens escuras
E é disso que nos alimentamos,
Do sal das nuvens
Purificando os pés com a gota do orvalho
Juntos, na respiração da terra.


(Fernando Naporano e Liz Reis)
Você I

Quando penso em você, surge uma doce esperança, me envolvendo numa suave brisa aconchegante...
O ar que movimenta o coração alcança as estrelas!
Flutuo de desejo esperando te reencontrar. 
Suas delicadas palavras são música e movimenta meus passos...
Hoje meus pensamentos estão dançando por você...

Você II

Ao beijar seus lábios, delírios dulcificantes envolvem meu corpo. Toda sua face que estava arroxeada, outrora dourada e a agora prateada. Ah o menino carnaval, trás o único beijo roubado. No balanço desajeitado, dançamos apaixonados... O ar respira sobre nós! Hoje meu coração sorriu... Nessa atmosfera acolhedora, acariciante, com delicada magia, a vida se torna favorável.
"Steffen" ou "O poeta delira"


Sons de pavor saem da felina narina
Olhos amedrontados acordam o sereno
Um touro anuncia o terremoto
Gotas de rivotril invadem o peito febril congelado pela nevoa branca.
Égide cura o eu do amante feroz, viril
Os fantasmas dos corpos soturnos nos rondam o sono
O despertar trás a luz azul e a poesia da imagem
O mundo se abre na luta da alquimia do corpo,
e vai de encontro ao amor
Amor lunar, amor da terra, amor da vida, amor da arte. Amor teat(r)o
Suas palavras ressoam como veludo “Que é preciso ser orgânico”
Palavras suaves e sutis acalmam os corações
Os lábios carnudos são a fonte do desejo veloz
Livre é seu movimento agora. E no amanhã
Sensível às consequências imediatas
O espirito critico é virtuoso
Transforma, renasce
Erra com maestria, pintando sua obra, sua vida!
Só nos resta desabar em alegria
Onde os riscos da chuva dessa paixão
Movem os dedos acelerados
Tatuados no coração
Flutuo em camadas partidas
No gozo
Penteio a flor
Que arde no peito
Contaminada de Apolo
Afogada em Dionísio
Vento celestial, respiro nesse amor
 “A torrente fluente, profundo fluente”...
Catatônica derrete-me com esse melado olhar
Eletrocutada em lágrimas sucumbidas
Nos olhos do vento 
No frio do novo setembro
Salgado esplendor
Refletem o medo
Afogado e embriagado
Os amantes velejam no mar cor de rosa camaleão
Entardecendo o tautológico sol
Nos corpos repteis, suados, colados na escuridão 
Os trincos do céu avermelhado travam o encontro 
Vênus trás as molduras em jasmim
No ventre flutuam em desespero imenso do desejo de te amar
Eternamente nesse doce começo
Tem doçura tão docemente doce
Enamorados que não se suicidam
Revelam a luz do dia conservada neste maravilhoso encontro do quebra-cabeça de afinidades, cumplicidades e intimidades.
Transformam-se em amor a curiosidade intensa do ser encontrado
Vertiginosamente apaixonados
No gozo no toque musical sobrenatural
Recomeço deslumbrada, danço, no mundo em volta de nos.
Na situação limite, suspensa, imprevisível.
Ah! Enlouqueço!
(Liz Reis)

quinta-feira, 3 de abril de 2014

Eu te quero bem

Tu arrancaste minha alegria.
Nunca mais serei a mesma
Tudo que sei, é que preciso de paz
E vou, vou
Caminhar, na fina garoa, em uma grande tempestade...
Na vida não podemos retornar
Só precisamos respirar lentamente para que essa dor travada na glote pare de doer, arder, gritar.

Gritar esse som mudo e tão feroz

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Olhos felinos



Deslizar sorrateiro no crepúsculo.

Alma grande e bela. Ah fraqueza impressa no olhar, desmontam todas as mascaras, que insistem revelar.

Um rebelde escravo.

Nos Desejos e vícios há prazeres e dissabores.

Tu és:

A gota de orvalho.
                                          Bebo.
O sol que trás a luz.
                                           Cega.
O sussurrar da rouca voz.
                                        Contamina o corpo.
Um inquietante sussurro.
                                           Vertigem
A pele.
                                       Seda do deserto.

Trás a recoloração perpétua no mundo.
                                                                   Amor.

Mil raios saem entre os dedos que transformam o universo.
                                                                            Faíscas

Imã que me foi arrancado e levado pela maré, perco de vista, o intimo se esvai.

Volto a andar nas pontas dos pés.

Fundir o corpo, neste infinito desejo.

Inquietações vibram a pupila.

Estranho é o caminho das paixões.

Não tenho coragem de renunciar o ar de quem dança nas águas.

Quanto mais silêncio, força maior trás o olhar felino. E mais perigo ah neste segredo.

Noites de girassol perfumaram os dias de maio...

Ardente olhar que se esquiva, negando o coração rubro.

Tens coragem de negar esse estremecer que foi plantado? Cultivado? Colido? Por mais mistério que exista neste magnifico canteiro, tu protege as sombras que perduram no meio de nós.

Entrego-te um céu de diamantes, imensas árvores, com raízes fortes. E nós sabemos o magnetismo existe, e os sentidos pulsam nas tuas invioláveis profundezas...

Caminho sem saber, as paixões trazem um magnifico olhar alucinado.