quinta-feira, 25 de março de 2010

"Lição de Botânica" Machado de Assis

Primeira Apresentação de "Lição de Botânica", de Machado de Assis, apresentação fechada para o Teatro Humboldt. Sônia Molfi, Liz Reis e Rene Ramos
Liz Reis e Rene Ramos


Um cumprimento....

Liz Reis e Giulia Lancellotti



Rene Ramos e Liz Reis




Cecilia, Helena, O Barão Sigismundo de Kernoberg e Tia Leonor





Thiago Molfi, Giulia Lancellotti, Liz Reis, Rene Ramos, Sônia Molfi e João Urbilio






Diretor Marcelo Marcus Fonseca







o debate: Rene Ramos, João Urbilio, Liz Reis, Marcelo Marcus Fonseca, Thiago Molfi, Sônia Molfi, Giulia Lancellotti e Záira B. Alves






Fotos



Vivian Cury






sexta-feira, 19 de março de 2010

Jacques Lecoq

“Uma escultura de Rodin, imóvel em sua própria matéria, move-se em si mesma e faz com que se mova o espaço que a rodeia: organizam-se em sua forma as contradições motoras da dinâmica”...

Eugênio Barba

CARTA AO ATOR D(Esta carta foi escrita por Eugênio Barba a um dos seus atores em 1967. É publicada frequentemente em livros e revistas, para ilustrar a visão teatral de seu autor e sua atitude para com um "novo ator". Foi publicada pela primeira vez no livro Synspunkter om Kunst - Pontos de vista sobre a arte, Copenhaque:1968).

"Frequentemente me surpreende a ausência de seriedade em seu trabalho. Não é devido à falta de concentração ou de boa vontade. É a expressão de duas atitudes.

Antes de tudo, tem-se a impressão de que suas ações não são ditadas por uma convicção interior ou por uma necessidade que deixa sua marca no exercício, na improvisação, na cena que você executa. Você pode estar concentrado no seu trabalho, não estar se poupando, seus gestos podem, tecnicamente, ser precisos e, no entanto, suas ações continuam sendo vazias. Não acredito no que você está fazendo. O seu corpo só diz uma coisa: obedeço a uma ordem dada de fora. Seus nervos, seu cérebro, sua coluna não estão comprometidos, e, com uma atitude epidérmica, quer me fazer crer que cada ação é vital para você. Você mesmo não percebe a importância do que quer fazer partícipe os espectadores.

Então, como pode esperar que o espectador fique preso por suas ações?Como você poderia, assim, afirmar e fazer compreender que o teatro é o lugar onde as convenções e os obstáculos sociais devem desaparecer, para deixar lugar a uma comunicação sincera e absoluta? Você neste lugar representa a coletividade, com as humilhações que passou, com seu cinismo que é autodefesa, e seu otimismo, que é a própria irresponsabilidade, com seu sentimento de culpa e sua necessidade de amar, a saudade do paraíso perdido, escondido no passado, na infância, no calor de um ser que lhe fazia esquecer a angústia.

Todas as pessoas presentes nesta sala ficariam sacudidas se você efetuasse, durante a representação, um retorno a estas fontes, a este terreno comum da experiência individual, a esta pátria que se esconde. Este é o laço que o une aos outros, o tesouro sepultado no mais profundo do nosso ser, jamais descoberto, porque é nosso conforto, porque dói ao tocá-lo.

A segunda tendência que vejo em você é o temor de levar em consideração a seriedade deste trabalho: sente uma espécie de necessidade de rir, de distrair-se, de comentar humoristicamente o que você e seus companheiros fazem. É como se quisesse fugir da responsabilidade que sente, inerente à sua profissão, e que consiste em estabelecer uma relação e em assumir a responsabilidade do que revela. Você tem medo da seriedade deste trabalho, da consciência de estar no limite do que é permitido. Tem medo de que tudo aquilo que faz seja sinônimo de fanatismo, de aborrecimento, de isolamento profissional. Porém, num mundo em que os homens que nos rodeiam já não acreditam em mais nada ou pretendem acreditar para ficarem tranqüilos, aquele que se afunda em si mesmo para enfrentar a sua condição, a sua falta de certezas, a sua necessidade de vida espiritual, é tomado por um fanático e por um ingênuo. Num mundo, cuja norma é o enganar, aquele que procura "sua" verdade é tomado por hipócrita.

Deve aceitar que tudo no que você acredita, no que você dá liberdade e forma no seu trabalho, pertence à vida e merece respeito e proteção. Suas ações, na presença da coletividade dos espectadores, devem estar carregadas da mesma força que a chama oculta na tenaz incandescente, ou na voz da sarça ardente. Somente então, suas ações poderão continuar a viver no espírito e na memória do espectador, poderão fermentar conseqüências imprevisíveis.

Enquanto Dullin jazia em seu leito de morte, seu rosto se retorcia assumindo as máscaras dos grandes papéis que viveu: Smerdiakov, Volpone, Ricardo III. Não era só o homem Dullin que morria, mas também o ator e todas as etapas de sua vida.

Se lhe pergunto por que escolheu ser ator, me responderá: para expressar-me e realizar-me. Mas que significa realizar-se? Quem se realiza? O gerente Hansen que vive uma existência respeitável, sem inquietudes, nunca atormentado por estas perguntas que ficam sem respostas? Ou o romântico Gauguim que, depois de romper com as normas sociais, terminou sua existência na miséria e nas privações de uma pobre aldeia polinésia, Noa-Noa, onde acreditava ter encontrado a liberdade perdida? Numa época em que a fé religiosa é considerada como neurose, nos falta a medida para julgar o êxito ou o fracasso de nossa vida.

Sejam quais foram as motivações pessoais que o trouxeram ao teatro, agora que você exerce esta profissão, você deve encontrar um sentido que vá além de sua pessoa, que o confronte socialmente com os outros.

Somente nas catacumbas pode-se preparar uma vida nova.
Esse é o lugar de quem, em nossa época, procura um compromisso espiritual se arriscando com as eternas perguntas sem respostas. Isto pressupõe coragem: a maioria das pessoas não tem necessidade de nós. Seu trabalho é uma forma de meditação sobre si mesmo, sobre sua condição humana numa sociedade e sobre os acontecimentos de nosso tempo que tocam o mais profundo de si mesmo.

Cada representação neste teatro precário, que se choca contra o pragmatismo cotidiano, pode ser a última. E você deve considerá-la como tal, como sua possibilidade de reencontrar-se, dirigindo aos outros a prestação de contas de seus atos, seu testamento.

Se o fato de ser ator significa tudo isto para você, então surgirá um outro teatro; uma outra tradição, uma outra técnica. Uma nova relação se estabelecerá entre você e os espectadores que à noite vêm vê-lo, porque necessitam de você."

HOJE ACORDEI ASSIM...

“Ao acordar deparei-me com um poema que meu amor escreveu-me, e vou compartilhar, para que todos acordem em busca de um amor sem medo, pois sinto-me inteira e melhor a cada dia”.


Ela: Ela cava a alma.
Èlade: E Liz alça deleites epidérmicos.
O Dicionário conduz ao seu contrário
A flor tem outra aplicação
Que não o goivo no túmulo.
Entrego o que saberei
Renego a formula pronta
Estréio o desejo
No sorriso novo
Da brincadeira de cerebrar
O sexo.
O cérebro é víscera. Como Artaud queria.
E o sexo é cérebro, sendo assim.
A paixão da idéia
O tesão do inteiro
O caipirismo do erudito:
Ela é todo e meu duplo,
É o centro do meu fim
É a lua crescente
Do nosso teatro de serafim.
Feminino/Masculino/Neutro,
Entende no sonho que é a realidade
Quem acorda esta sonhando...
Meu sonho de perolas viúvas,
Minha realidade rolando no lixo,
Minha expectativa
De ver Dionísio:
Você é o deus encarnado,
A paixão e fúria,
Apoiada por Apolo:
Todos os dias, no café da manhã.

Poema de Marcelo Marcus Fonseca

quarta-feira, 17 de março de 2010

Roland Barthes




“O Professor não tem aqui outra atividade senão a de pesquisar e de falar, eu diria prazerosamente de sonhar alto sua pesquisa – não de julgar, de escolher, de promover, de sujeitar-se a um saber dirigido: privilégio enorme, quase injusto, num momento em que o ensino das letras está dilacerado até o cansaço, entre as pressões da demanda tecnocrática e o desejo revolucionário de seus estudantes. Sem dúvida ensinar, falar simplesmente, fora de toda sanção institucional, não constitui uma atividade que seja, por direito, pura de qualquer poder: o poder (a libido dominandi) ai esta, emboscado em todo e qualquer discurso, mesmo quando este parte de um lugar fora do poder. Assim, quanto mais livre for esse ensino, tanto mais será necessário indagar-ser sob que condições e segundo que operações o discurso pode despojar-se de todo”. (Roland Barthes)

segunda-feira, 15 de março de 2010

PALAVRA DO DIA - DIONISÍACO

O adjetivo dionisiáco é referente a Dionísio (ou Dioniso), deus grego equivalente ao romano Baco, divindade relativa às festas, à alegria e ao vinho. Sendo assim, sua imagem é geralmente representada por um jovem imberbe e festivo, com um cacho de uvas ou uma na taça em uma das mãos, por isso a extensão de significado para “caráter vibrante”, “desordenado”. Se opõe ao adjetivo apolíneo, já que os deuses Apolo e Dionísio representam forças ou princípios contrários e complementares.
>> Definição do iDicionário Aulete:
(di:o.ni.sí.a.co)
a.
1. Rer. a Dioniso, divindade grega (entre os romanos, Baco) dos ciclos vitais, da alegria e do vinho
2. De natureza agitada e desinibida (como a de Dioniso); ESPONTÂNEO; NATURAL
3. P.ext. De caráter vibrante, entusiasmado
4. P.ext. Que é anárquico, confuso; DESORDENADO
5. P.ext. Que tem caráter criativo, inspirado
6. P.ext. Ref. ao campo, à terra; CAMPESTRE
7. Teat. Ref. a espetáculo teatral ou coreográfico (esp. o que é alusivo a dionisíaca)
8. Hist. Ref. a d. Dinis (rei de Portugal, sécs. XIII-XIV) ou a sua época
9. Med. Diz-se de quem tem saliência córnea na testa
[F. Do gr. dionysiakós, pelo lat. dionysiacus e pelo fr. dionysiaque.]

segunda-feira, 8 de março de 2010

Clarice Lispector

"Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento"

domingo, 7 de março de 2010

Generosidade!

Generosidade quando falta a um professor é extremamente prejudicial na vida de um aluno e se este não tiver consciência pode lhe trazer grandes aborrecimentos.




"E o que o ser humano mais aspira é torna-se ser humano."

Clarice Lispector

Fernando Pessoa – Canto a Leopardi

Nada sabemos da alma
Senão da nossa;
As dos outros são olhares.
São gestos, são palavras.
Com a suposição de qualquer semelhança
No fundo.