quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Violência

Caminhando nas ruas, fitando as pessoas.
Vejo-me como os olhos esbugalhados, arvorando um ar de estranheza.
Tenho dificuldade de compreender, sinto frio, meus lábios estão rígidos, começo agitar-me de um lado para outro.
Tento recuperar o fôlego e a consciência, mas tenho medo do abismo paulistano.
.

domingo, 13 de dezembro de 2009

O Bom Agouro da Riqueza

A sociedade burguesa conseguiu transformar a riqueza em miséria, desgraça em sorte e prazer em desespero.

Humildade hipócrita e um deslumbramento simulado é o que relato nas reuniões.

Homens importantes tais como advogados, juízes, generais, policiais, políticos e lideres de todos os tipos se erguem acima dos outros de tal maneira que o mundo lhes parece pequeno como um tabuleiro de xadrez.

Deparo-me com seres pequenos e tolos, que se afundam com seus argumentos.

sábado, 12 de dezembro de 2009

Semana Cultural.



Ao invés de criticar os espetáculos, resolvi dizer que foi uma semana de frustrações e alguns bons momentos.
A semana estava chegando ao fim e eu estava quase desistindo depois de assistir vários espetáculos. Foi então que resolvi assistir “A Mulher que Ri”, direção Yara de Novaes com um elenco brilhante: Eloisa Elena, Fernando Alves Pinto e Plínio Soares.
O que dizer de um espetáculo tão belo e delicado? Só posso agradecer e dizer obrigada, pois vocês renovaram meu espírito de artista que se sentiu ferido e machucado essa semana.
Para você que não assistiu posso afirmar que é tão bom e poético que vou ver novamente.

"Na Selva das Cidades" Bertolt Brecht

Fascinante processo, dedicação integral , conquista plenas, e descobertas a cada dia.


Liz Reis





Liz Reis (Marie Garga) e Marcelo Marcus Fonseca (George Garga)

Ivon Mendes, Marcelo Marcus Fonseca e Rene Ramos

Após três meses de temporada em 2009, Na Selva das Cidades, voltará em cartaz em março de 2010.
Agora Teatro Aliança Francesa é sede do Teatro do Incêndio.
Aguardem a programação.

Ar

Com o coração crescendo no peito, envolta em uma saudade tão palpável, tão dolorosa, tão imensurável como jamais havia sentido.
Esgotada a minha esperança de encontrar a felicidade eu às vezes tinha forças para agarrar a felicidade, mas não conseguia mantê-la.
Às vezes me vejo possuída por um rancor imenso, até mesmo o silencio ao meu redor me faz arder. Aromas delicados me fazem espirrar. Meu único abrigo é colocar a cabeça para fora da janela e inspirar o ar.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

"Louco Para Amar"

Na solidão de não estar no palco, aproveito para trabalhar no novo projeto e colocar a leitura em dia.

Ontem foi o dia do Sam Shepard “Louco Para Amar”

“Não podíamos respirar sem pensar um no outro. Não conseguíamos dormir. Ficávamos doentes à noite, quando estávamos separados. Violentamente doentes. Minha mãe até me levou ao medico. E a mãe do Eddie o levou ao mesmo medico, mas o medico não sabia o que havia de errado conosco.
Achava que era gripe. E a mãe de Eddie não tinha a menor idéia do que estava errado com ele. Mas a minha mãe... Minha mãe sabia exatamente o que estava errado. Sabia porque tinha sentido na própria carne. Reconhecia cada sintoma. Ela me suplicou que eu não visse mais o Eddie, mas eu não dei bola. Então, ela suplicou a Eddie que deixasse de me ver, mas ele não a escutou. Então ela foi até mãe de Eddie e suplicou a ela. A mãe dele estourou os miolos. Não foi Eddie? Ela estourou mesmo os miolos”.

Apaixonada por essa obra, tive vontade de ligar para todos do grupo “Teatro do Incêndio” e fazer uma leitura aqui em casa. Senti uma imensa necessidade de ouvir o texto".

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Jeanne D'Arc

JEANNE D’ARC - Schiller

Le démon de la raillerie t’a traînée dans la poussière pour souiller la plus noble image de l’humanité. L’esprit du monde est éternellement en guerre avec tout ce qu’il y a de beau et de grand : il ne croit ni à Dieu ni aux esprits célestes, il veut ravir au cœur tous ses trésors, il anéantit toutes les croyances en attaquant toutes les illusions.
Mais la poésie, d’humble naissance comme toi, est aussi une pieuse bergère ; elle te couvre de tous les privilèges de sa divinité, elle t’environne d’un cortège d’étoiles, et répand la gloire autour de toi… Ô toi que le cœur a faite ce que tu es, tu vivras immortelle !
Le monde aime à obscurcir tout ce qui brille, à couvrir de fange tout ce qui s’élève. Mais ne crains rien ! Il y a encore de bons cœurs qui tressaillent aux actions sublimes et généreuses ; Momus fait les délices de la multitude, un noble esprit ne chérit que les nobles choses.
Traduzido por G ÉRARD DE NERVAL.

Joana D'Arc - Schiller

O demônio da zombaria te arrastou na poeira do chão para te erguer como a mais nobre imagem da humanidade. O espírito do mundo está eternamente em guerra com tudo que há de belo e de grande: não crê nem em Deus nem nos espíritos celestes, quer roubar todos os tesouros do coração; destrói todas as crenças, atacando todas as ilusões.
Mas a poesia, de nascimento humilde, como tu, é também uma piedosa pastora; ela te cobre de todos os privilégios de sua divindade, ela te cerca com um cortejo de estrelas e espalha a glória ao redor de ti...Ó tu que o coração fez o que tu és, tu viverás para sempre, imortal!
O mundo ama obscurecer tudo que brilha, cobrir de lama tudo o que se levanta. Mas não tema nada! Há ainda bons corações que vibram com ações sublimes e generosas; Momus faz as delícias da multidão, um nobre espírito não valoriza senão os feitos nobres.
traduzido por Záira B. Alves

Um dia nublado

Hum, estou aqui com febre, sono e cansada. Acordei 6h da manha para rotinas familiar.
Acho que depois de ter atravessado a porta do inferno estou me recuperando, claro à cabeça parou de fundir então foi à vez do meu organismo cansado ficar fraco. Mas posso concluir que envelheci uns 10 anos com a mediocridade deste mês, e quando nosso mestre Artaud diz "melhor morrer de peste do que de mediocridade".
Dificil é expurgar os medíocres do meu passado, presente e futuro. Mas o melhor de tudo é ter envelhecido e entendido que apesar de não ter solução eu aprendi que me desgastei por coisas hipócritas e sem solução e que podia ter me poupado.

Foram bons tempos

A nossa temporada “Na Selva das Cidades” chegou a fim para 2009 e só iremos retornar em 2010. Meu coração claro não sabe lidar com fim de temporada, ou melhor, fim de nada. Tenho um recomeço difícil para 2010 uma produção “megalomaníaca” claro que o Teatro do Incêndio é assim e não nos contentamos com menos.

Flutuo, navego, suspiro, remando eu sigo. Coração fica sem ar. O momento que me vejo sem palco é como que se cortassem meus pés. Sinto-me em uma sala sem janelas, o coração grita, as lagrimas escorrem, isso deveria me tranqüilizar, mas quando mais eu choro, mais me desespero.
E você meu Dionísio, que admiro e me encanta, tenta desesperadamente me consolar.Suprir minhas necessidades que parecem ser Inalcançável na imensidão da minha ansiedade. Nesse momento me sinto jovem e tola e compreendo que a velhice cai bem.

sábado, 5 de dezembro de 2009

A Última

A última

Olha, você não é nada,
A não ser a última.
É preciso se amar como doente terminal.
Eu, que entendo suas dores e suas vergonhas,
Sou o candidato ideal.
Descubro seus medos e descubro seu
Intento fatal:
Onça, seu apelido, é de morte e não
Me faz mal.
Olha, entendo cada dor, cada saudade.
Faço de mim um resumo em sua estrada
Entendendo que você é a cidade.
Com muito passado nós dois
Vejo em você minha última mulher:
Aquela que permito insano
Fazer de mim
Seu bem ou mal-me-quer.
Toda pétala minha é sua
Sou de você o que quiser.
Faça de mim o que puder.


>>>>>>>>>>>>>>>>


Por que criaste em mim
O limite do Mundo? Se não sabia eu
Que o mundo tinha fundo?
Porque me deixaste ver
Por teus olhos o todo de toda uma
Vez só, fazendo com que
Não houvesse mais descobertas
Fora do deste manto?
Por que me devolveste a palavra?
Por que quiseste tu que eu fosse um santo?

Por que não me deixaste no abandono
Se a dor ainda te dilacera e não sacia?
Por que quiseste amar
Um Peregrino
Que já sabe como chorar de medo?
Depois plantaste em mim
Os teus segredos
E acima quiseste
Consumir
Meus sonhos
Levaste a melhor parte num sorriso
E eu fiquei olhando impotente.

Fizeste então tua casa
Entre meus dedos
Fitei a minha mão enrijecida
Para tu nunca caíres em desespero.
Do vento foste a última elegia
De um náufrago encerrado
Em uma cantiga
Trouxeste pro meu peito
A alegria
Querendo num minuto
A nostalgia.

"Marcelo Marcus Fonseca"

Acordo e vejo que neguei por muito tempo ter e ver o amor. Só posso dizer que você tem a Liz, e que ainda me desespero e tenho medo, mas sei que você é meu sol.
Te amo pra sempre.

Solidão e Cãos

Hoje abri meu email e recebi um email de um aluno:

“Novidade de um mundo sem graça”.

Deu-me um orgulho. Ele esta em Orlando uma cidade sem sal e cheia de lojas, shopping e coisas fúteis e inúteis. Pensei comigo eu já passei por isso e sentia um vazio imenso. Mas também pensei ai que bom que tenho este aluno, um jovem inteligente e promissor que não se corrompe “entendi perfeitamente a diferença de ter e ser”.

Poucos minutos depois recebi um recado: um amigo dramaturgo “Mario...” foi baleado e tomou quatro tiros de assaltante no bar teatro parlapatões. Nossa cidade é um verdadeiro caos, um bar de artista no centro da cidade sem ostentação. Perguntei-me para onde ir? Fico aqui e aguardo noticia e torcendo que tudo fique bem.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

"Balada sobre a inutilidade do esforço humano"

Não basta ser sagaz pra vida defender
Pois tudo é tão incerto, que é bobagem até pensar
Porque nessa vida tudo é tão banal e vão
Toda e qualquer vontade é mera pretensão

Achar que é o maiorar e tudo planejar
Acaba dando em nada e não há como escapar
Porque nessa vida não adianta se esforçar
Por mais que você faça nada vai mudar

Não adianta perseguir a sorte sem parar
Pois mesmo que se corra a sorte sempre corre mais
Porque nessa vida seja lá você quem for
Saiba que sua sorte nunca vai mudar

O homem é um infeliz, precisa é de apanhar
Se assim não tomar jeito é melhor morrer de vez
Porque nessa vida nada existe pra mudar
Tem que tomar na cara para se mancar

"Bertolt Brecht"