quarta-feira, 17 de outubro de 2012

O cachorro


A febre perfura os ossos
A quimioterapia e um estado constante da furadeira atravessando o baço
Como um cachorro, girando tentando coçar o próprio rabo e engolindo o soro fisiológico.
O cabelo cai a cada minuto, gostaria de não tomar banho, para não tem que conviver com o ralo.
Agora é a hora de limpar o dreno, dreno do meu humor, dreno da minha decepção, dentro do sangue amargo.
Uma vez um terapeuta me disse: “Todo divorcio tem perdas” Eu completo divorcio tem roubo, trauma e câncer!
Bom dia!

terça-feira, 28 de agosto de 2012


Vértebras vulcão

Suspenso desejo

Fôlego em nó

 

Traço do riso

Do retorno fálico

Trincam de sangue

 

Lágrima baço

Contornam silêncio

Voam ao centro

Amanhã




Violência da respiração ofegante

Transporte do perianto

Percebo a dor

Ferve a cabeça, e o sono não vem.

A vida tem tanto calor, cheiro.

Sinto a dor

Espero ansiosa que as vértebras coladas abram suas casas

Que cada sorriso, cada criança me traga o amanhã.

Calo a dor

Giro em Neves do retardamento cerebral, sem foco estão os pensamentos.

No retrato da noite a lua é o espelho do espirito que celebra o bardo do eletrochoque

Sufoco a dor

Novos caminhos do ideograma são minha alegria.

A crueldade do gozo dos amigos de papel.

O luto do amor despedaçado sem volta.

O cheiro Joyce de sua camisa

Berra na Janela da escuridão

O corpo esta em suspensão, como a queda da montanha russa.O fôlego comprimido dos órgãos relaxados, deitados e a velocidade constante da solidão. Turbante caminho do nó. Difuso veneno das possibilidades, um amor puro representado no palco oriental.

Eu espero o amanhã...

domingo, 26 de agosto de 2012

silêncio

Num contorno solitário dos lábios.

Melancolia profunda

Eterno sabor do retorno do lápis, em flocos de solidão.

Perturbador bater do vazio, em lágrima presa no baço.

Um tremor no centro da unha.

Veleja na corrente sanguínea
 

segunda-feira, 25 de junho de 2012

triste

Sorrir para não ser chata?

Ser socialmente tolerável?

Amar sem restrições, duvidas e medos?

terça-feira, 19 de junho de 2012

Quem eu sou?


Mulher Maravilha final do dia

 Depois de cuidar da casa, dar um fim no vazamento, trocar a lâmpada, trocar beijos e abraços com Mamy, tentar entender minha adolescente com febre, levar e buscar Pedro na escola e no inglês, e também estudar muito para minha prova entre outras tantas coisas...

Fomos a peça de teatro no Renaissance, texto Giovannna Quaglia e direção Geraldine Quaglia, parabéns meninas! Deixei Pedro em casa e segui em rumo a James Joyce... Estudar, estudar...

Mas a noite não acaba aqui e uma hora eu tinha que comer, como as crianças já havia jantado, resolvi comer uma pizza, ou melhor, a pizza mais cara do mundo na Vica Pota. Continue lendo e saberá porque:

Bom depois da bomba do Higienópolis, a noite é uma criança, e o bairro um verdadeiro horror,  Paramos o  carro para comer uma pizza e o que acontece, tentaram levar meu carro, não conseguiram, mas o estrago e meu saldo bancário vai reduzir bastante, pois eles arrancaram o painel, tiraram peças do motor, e o carro não pegou...

Quer saber agora será assustador: Mesmo assim eu sou Feliz, estou alegre, sou artista, falo minha poesia em cena , interpreto Antonin Artaud, não canso de procurar e inventar mais trabalho, e estudo a 3 meses intensamente minha  futura produção Molly Bloom, que tive o prazer de fazer no Finnegan’s pub com o convite da Marcelo Tápia da casa Guilherme de Almeida.  Enfim tenho Molly, tenho Poldy, tenho Bia, tenho Pedro.

Agora vou dormir afinal acordo às 6h e novamente vou pegar no sono só lá pelas três, mas no meu sonho hoje estarão: Dante, Shakespeare, Joyce, politica, mundo, esperança, Poldy, Molly, Antonin Artaud... Eu sou muito sortuda, eu tenho meus livros! Evoé.




segunda-feira, 18 de junho de 2012

"Sim"




 Que me faça ser uma flor da montanha.

 Que tire o cansaço do meu corpo, com um único olhar.

 Que em meus sonhos eu volte a gargalhar!

Que no delírio do amor eu navegue através das correntezas, e alcance o oceano.

Quero abrir meu coração, quero flutuar no palco e saltar nos teus braços.

Quero entender cada rima, cada gesto, cada frase, cada desejo.

Quero ser uma criança entre balões coloridos

Quero receber seu sêmen e beijar sua boca

Eu quero sim, eu quero muito sim.

Quero o doce dos teus lábios

 Quero correr entre os muros mouriscos do nosso esconde-esconde,

Quero um pega-pega misturado de ternura e loucura

Eu quero sim!

terça-feira, 29 de maio de 2012

suprimam o opio, o Teatro...


“Nos nascemos podres no corpo e na alma, somos congenitamente inadaptados, suprimam o ópio, os senhores não suprimirão a necessidade do crime, os tumores do corpo e da alma, a propensão para o desespero, o cretinismo nato, a sífilis hereditária, a friabilidade dos instintos, não impedirão que haja almas destinadas ao veneno seja ele qual for, veneno da morfina, veneno da leitura, veneno do isolamento, veneno do onanismo, veneno dos coitos repetidos, veneno da fraqueza enraizada na alma, veneno do álcool, veneno do tabaco, veneno da anti-sociabilidade. Há almas incuráveis e perdidas para o resto da sociedade. Suprima-lhes um meio de loucura e elas inventarão dez mil outros. Elas criarão meios mais sutis, mais furiosos, meios absolutamente desesperados. A própria natureza é anti-social na alma, é apenas por uma usurpação de poderes que o corpo social organizado reage contra o declínio natural da humanidade”  (Antonin Artaud)


segunda-feira, 7 de maio de 2012

viver


Hoje entendo o que o meu corpo esta falando:

Minha estrutura, minha coluna quebrou, assim como minha vida...

quarta-feira, 2 de maio de 2012

pensamento


Por que a solidão vem habitar meus pensamentos?
Hoje a melancolia tomou conta das vertebras
Dor ao respirar.
Hoje finalmente, consegui ler sua mensagem, sua poesia, sua futura publicação.
Minha respiração cavou um lugar tão escuro que não sei se vou retornar
Preciso continuar viva, Viva.
O que é estar viva, quem eu sou?
Assusto-me quando olho esse buraco, turvo e amargo.
Socorro, esse desafio de ser, estar, como preciso de um colo agora.
Amargo desejo de morte, sem vitória.
Pupila roxa, sangue na garganta.
Tenebroso momento da vida,  preciso voar em busca do outro lado, me entreguarei a montanha de Nietzsche para busca o além.
Equilíbrio se é que me resta.
Caminharei nos campos do fim.
 Acordarei dessa loucura Dionisíaca. Que me transtorna, agredi, ofendi, cospe e pune.
Apolo me acorde e me traga sopa, me traga luz, e peça para que Zeus me deixe ser mãe.
Me deixe ou no fogo de Hades em breve dormirei.

domingo, 22 de abril de 2012

viver




Hoje tenho que conviver com um dor, uma solidão que trava minha garganta, uma solidão, um ar, um inspirar de morte, um medo que parece que estou embaixo da terra , um tumulo vazio.
Eu amadureço, respiro, faço terapia, teatro, vivo cada dia tentando estar.
Tenho pensado muito, e acho que chegou o momento de transformar minha vida.
Ter uma nova profissão, algo que me deixe mais tranquila, serena e sem tanto medo.
Quando eu tinha 17 anos queria muito estudar medicina, depois de assistir Bob Wilson, não consegui parar de pensar nisso.
Eu sempre quis ser uma grande atriz , hoje quero ser a Elisabeth de Carvalho, apenas uma pequena atriz,  ter  amigos, fazer minhas peças, ser sincera,  frágil e não uma vitima, porque eu tenho um medo gigante de viver, e ser.
Eu magoei uma pessoa que amo, porque não podia mais ficar casada com ele, ele chorou, eu chorei, ele sofreu,  eu sofri.
Hoje ele esta apaixonado por uma mulher incrível chamada Patrícia, fico tão feliz de ver o sorriso em seus lábios, porque esse homem foi o amor da minha vida alguém com quem tive dois filhos e que hoje apesar de tudo gostaria que fosse meu amigo. Tínhamos 20 anos quando nos casamos e sobrevivemos há 10 anos.  O que importa é o que vivemos que foi magico e a felicidade que a vida me deu meus 2 filhos lindos.
Às vezes o amor acaba, ou somos imaturos, mas é uma pena quando nos esquecemos, porque foi que nos apaixonamos por essas pessoas. Se lembrássemos, teríamos mais respeitos por elas, mesmo quando elas cometem erros.
Hoje vi pessoas que se apaixonaram e que são amigos, fiquei admirada e feliz, eu também gostaria de ter isso.

Pessoas que eu magoei me perdoem sou alguém que também erra. As que me magoaram, falaram mal, me humilharam, mesmo depois de eu ter dedicado minha vida a elas, tudo tem seu tempo e cura.
 Esta doendo, estou triste porem espero o tempo passar, não sou dona da verdade, e nem perfeita, sou apenas a Elisabeth.


São Paulo Surrealista em cartaz no Madame Satã, Rua Consellheiro Ramalho, 873 sex e sab 21h










sexta-feira, 20 de abril de 2012

Angelica III


Angélica estava em uma Oficina Cultural dando aula para 60 pessoas. Um barulho de ferragem de uma obra ao lado ensurdecedor.  Os alunos eram agressivos. Então ela começou a gritar e parou de dar aula.

Agora ela estava em uma espécie de cemitério onde iria fazer seu espetáculo teatral. O lugar onde ela deixava seus figurinos tinha um jardineiro plantando flores rosas , delicadas como orquídeas. Então ele disse você não pode mais deixar seus figurinos aqui.

Angélica, sem discutir retirou tudo e colocou dentro de um tumulo, do lado de fora abriu uma tabua de passar roupa ligou um ferro e passou com muito cuidado, depois que o ferro já estava quente ela perguntou: essa tomada é 110, mas ai percebeu que sim ,porque o ferro estava  ligado.

Agora dentro do tumulo, tentando não molhar o figurino espalhou delicadamente pelo chão molhado, e colocou uma manequim feminina nua ao lado.

De repente estava cheio de manequins vestidos com roupas extravagantes eram cínicos, irônicos e cruéis e queriam machucar a manequim. Angélica implorou que sua manequim era ainda uma menina frágil, e ela não resistiria a violência. Angélica implorou pela vida da manequim.



 Abriu as duas portas para entrar luz, então o coveiro disse feche a porta porque os coveiros punks vão machucar você.

Depois seguiu para casa de um amigo Renato , que não a recebeu sua secretaria Lurdes disse ele esta tomando jarras de chá , para tentar continuar vivo.

Angélica acordou

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Interno... eu

Afirmação incondicional da vida!
É melhor aceitar a vida como ela é.
Sem recortes com tudo de trágico e doloroso, sem selecionar
o “Belo”
Aceitar o que a vida nos apresenta, isso não é um
conformismo, seria se vc não visse como parte dessa situação.


Hoje me lembrei de Edipo Rei...

O destino é acima de tudo parte da sua vida. E não uma
fatalidade, onde nos encontramos na situação de vitima.
Fazemos-nos parte de um todo, qualquer que seja a atitude,
ela altera o todo. Também somos a causa.

Nietzsche

Ouve sempre nos escritos de um ermitão, algo também do eco
do ermo algo do tom sussurrado e da arisca circunspecção da solidão, em suas
palavras mais fortes mesmo em seu grito, soa ainda uma nova e mais perigosa
espécie de calar de silenciar Que, entra ano, sai ano, e de dia e de noite,
sentou-se a sós com sua alma em confidencial duelo e diálogo, quem em sua
caverna – pode ser um labirinto, mas também jazida de outro – se tornou urso de
cavernas ou cavador de tesouro ou vigia de tesouro ou dragão: seus próprios
conceitos acabam por conter uma cor própria de lusco-fusco, um odor de
profundeza como de mofo algo de incomunicável e renitente, que sopra frio em todo
aquele que passa, O ermitão não acredita que um filósofo – suposto que um
filósofo sempre foi primeiro um ermitão – tenha jamais expresso suas próprias e ultimas opiniões em livros
não se escrevem livros, precisamente, para resguardar o que se guarda em si ele
até duvidará se um filósofo pode, em geral, ter opiniões “ultimas e próprias se
nele, por trás de cada caverna, não jaz, não tem de jazer uma caverna ainda
mais profunda, um modo mais vasto, mais alheio, mais rico, além de uma superfície
um sem –fundo por trás de cada fundo, por trás de cada “fundamento”
Cada filosofia é uma filosofia de fachada – eis um juízo
ermitão “ Há algo de contrario se aqui ele não cavou mais fundo e pôs de lado a enxada – há também algo de
desconfiado nisso.
Cada filosofia esconde também uma filosofia, cada opinião é também
esconderijo cada alavra também uma máscara. (FriedrichNietzsche)


Filosofo Luso-fusco – essa noite quero conversar com vc
Sim meu amigo, filosofo, que com seus dialogo de duelo,
duela com si, que se põem em cheque, e no ato da causa como eu estou agora. Há filósofo
singular que mistura a imagem no conceito e na mascara da trágica humana, um
filosofo-poeta para todos e para ninguém?
Que nos traz o acento da solidão. Que tudo o que
não diz é o que revê-la. (Liz)

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Filho amado!

Meu filho chorou hoje
Viu a profunda solidão
O desespero tomou conta alma
O zumbi penetrou o ventre
Os olhinhos brilham me pedindo um sorriso
Então ele me pergunta
Você esta triste porque não ganhou ovos de pascoa?
E sem querer a resposta me diz :
Eu vou comprar pra você...

Medo




Febre queima os pensamentos
A dor envolve o corpo na tentativa de expulsar o feto
Ânsia, solidão, o sol não voltará a brilhar.
A vagina esta seca
Talhado coração
A montanha ruída de tristeza
Parto fecal demoníaco
Hera comera a criança, cuspirá
Toda a essência feminina
Medo
Tu és a fúria do vulcão
A crueldade dos ventos
Luz negra adoeceu meu pulmão
Câncer da tristeza contaminou o coração
Deixo meu ultimo sorriso marcado pela dor
E me despeço do teu abraço

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Angelica em sonho

O vulto em forma de fumaça preta passou pela fresta da porta e foi direto para baixo da cama dos pais onde ela morava quando criança.
Observa os moveis antigos e antiquados que de alguma forma a protegiam
correu para cozinha falou com a mamãe e de repente viu o vulto em forma de homem com capacete uma espece de super herói com uma estaca tentando mata-la.
Agora ela já estava em outro lugar uma especie de cidade fantasma sentada em um muro flutuante com um gato dentro de sua calça. Ela o acariciava
Voltou para a casa de infância onde cuidava de uma menina que era idêntica ela quando bebe, porém era filha de uma prima Adriana Brinch, estava tão apegada que não suportava a ideia de ter que devolve-la.
Sua cunhada tinha um único filho que avisa desaparecido, e que seu irmão em estado de choque não se mexia.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

VIOLETA FEBRIL


Esqueleto de tulipa cristal
Montanha de ar afogado nos braços
Shiva pede perdão ao tempo
Esmagado negro pensamento petróleo
Colosso da memória interrompido pelo medo
Mulher metal virginal
Homem sem terminar seu calor
Imagem do vidro das parábolas do amor
A brisa sopra quente nas orquídeas do meu sexo
Encruzilhada humana em alto-mar
Seu beijo me apavora e me redime
O mundo em gravatas de pólvoras
Me orientalizo nas catacumbas do desejo
O orvalho desalojará o sono
Quebrando as pedras e os cravos
Explodindo em sete cores musicais
Urrando pelo nome da medula doada
O peixe-passaro ama sua violeta febril
Na cólera da paixão televisiva
Domando o pântano horizonte
Expandindo a claridade dos amarelos
Nos grãos dos trigos do infinito
Deusa da caça dos meus sonhos
Deus do vinho acorda Ofelia
Grécia da minha Flórida
O ar puro da nudez
Derme do seu perfume
Armas de gelo ameaçam os céus
Ombros do meu castigo & selo do meu canto
Reflexo da ilha piscam para Zeus
Acontecimento do lirismo estático
Pólvora da minha emancipação

(Por Marcelo Marcus Fonseca e Liz Reis)

Véu labial

Véu Labial

Noite fria. Hoje ha gritos no coração.
Um tombo, um vírus contaminou a criança
Lágrimas vermelhas escorrem na espinha
Escuto a fada e acordo distante
Mergulho no limbo do calor ameaçador
Os ossos estão cravados no cérebro
O veneno revira o espirito
O cadáver caminha na Luz do Parque
Sombras enluaradas, congeladas
O inflamado infinito Pi
O xadrez da poesia em xeque mate
A concha canta a prega da areia
Respiro toda melodia da face
Redemoinhos de sol sangram
Tempestade leve de saliva lilas
Doce respiro do nada
Eclipse do véu labial
Seios quentes do deserto
Geotérmico profundo sabor
Mergulho arrebatado do sonho farpado
Fechadura incendeia a mandíbula do ventre
Cataratas desabrocham no sussurro do beijo
Olhos de champanhe nascem e renascem
Eletro-imã do pêssego embriagado
Cotovia dos pés da sua voz
O tempo mármore em relâmpagos
Eu

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Reflexões da Patagônia

Geleira

o silencio branco das geleiras petrifica ainda mais minha alma, caminho sozinha e tento entender o sabor de existir. Os que me amam eu sempre de alguma forma vou ferir, com palavras doces e tristes.
O vulcão ainda ferve no meu ventre .
A patagônia ira derreter com tanta sabor
Ombros amados tentam se erguer e renascer na poeira assassinada pelo sol lilas
Há gritos no centro do meu pensamento
Soltos, envoltos em tormentas amargas



Glaciares


Através do véu da virgem nas costelas craqueladas resistente como andiperla
Exterminada como um tehuelche afogo Ofelia e Verônica
Locomotiva queimando a camisa e suspirando com orvalho transparente gozo azul
Morte expandindo a 10 cm por dia
Desabar e nascer
Espetáculo escandaloso do nada
O ridículo melodrama real de um marido paralítico
Engendrada pelo teu olhar cruzo a fronteira
Deslizo para dentro do pêssego sabor das vísceras
Rompo a película do granito ereto
Ruído dos grampones gravados no silêncio branco
Pimenta que dissolve os lábios molhados
Suforosa canção rosa
Lava rupestre arrepia a sátira picareta
A lenta líquida acumulação irrompe, explode, envagina-me



Cordilheiras azuis

Obscuro caminho rochoso
Pupila palpita nas cerdas

Trigo verde monumental
Espero o dia do reverdecer
Sentido


Bétulas do meu pensamento

Razão do entardecer



Cordilheiras azuis afogam


a mancha vermelha do meu olhar


Lágrimas solidas voam no borbulhar do mel



Atlântico intrépido

A fenda da Rocha derrete o Atlântico colorindo meus desejos.

Abrindo meu coração em flocos de neve,transportando-me ao labirinto do seu umbigo.

Estilhaços de unhas enraivecidos no meus estomago.

Meu olhar intrépido para o joelho das montanhas

A areia rala e expulsa o céu embriagado

A sombra do útero enterra a pedra, desliza o mar

Busco o grito do sol

O sussurrar das nuvens

A natureza dança, o leão marinho sorri, os ventos cantam

O olhar se perdeu através dos pântanos da solidão.