sábado, 17 de maio de 2014

TEAT(R)O OFICINA ENTRA EM CARTAZ PRODUZ MUSICAL
SOBRE RELAÇÃO DOS ARTISTAS COM O GOLPE DE 64

Texto escrito e dirigido por Zé Celso revela uma relação de 50 anos com o imaginário da Ditadura Militar e seus efeitos para o Brasil ainda hoje.


Estamos há poucos dias da Copa e próximos às eleições; ano difícil. Estamos também em 1964; Cacilda Becker (Camila Mota) é dirigida por Walmor Chagas (Marcelo Drummond) em A Noite do Iguana, de Tennessee Williams, e Cleyde Yáconis (Letícia Coura) foi presa no TBC; paira um clima de interdição aos teatros onde peças ditas subversivas fazem sucesso. Hoje, no Teat(r)o Oficina, os artistas se reúnem para reinterpretar os fatos da história recente e atual do Brasil, transmutados em vida TEATAL. O resultado é o musical Walmor y Cacilda 64 – Robogolpe, escrito por José Celso Martinez Corrêa e recriada pela Associação Teat(r)o Oficina Uzyna Uzona como mais um canto vivo e solar pela liberdade encarnada em cena por cada atuador.

Dirigida pelo próprio Zé Celso, Walmor y Cacilda 64 – Robogolpe tem direção musical de Adriano Salhab, Montorfano e Giuliano Ferrari, com trilha original inédita de Zé Celso e Cia. Oficina Uzyna Uzona. A montagem conta com cerca de 30 atuadores da Cia. Oficina Uzyna Uzona e da Universidade Antropófaga, entre músicos, atores, artistas visuais, videomakers, técnicos e iluminadores. A temporada acontece de 26 de maio a 29 de junho, sempre aos sábados (21h) e domingos (19h). Todas as sessões têm transmitidas ao vivo pela TV Uzona, no site www.teatroficina.com.br .

Com Walmor y Cacilda 64 – Robogolpe, o Oficina coloca em cena o desejo cinquentenário de liberdade. Pessoas/Personagens/Multidões renascem depois da 1ª Cena da Tragédia Político Brazyleira: Seu Ator-Dramaturgo-Criador, o Presidente Getúlio Vargas (Marcelo Drummond), em seu suici-DAR-se político estratégico, aborta o Golpe e faz nascer, com seu texto trágico “Carta Testamento”, o desejo das “Reformas de Base”. Surgem, inspiradas pela necessidade de mudança, as “Iguanas do Dragão de Muchas Cabeças” (Cia. Oficina), os “subversivos” que São Jorge Robogolpe (Haroldo Costa Ferrari) tenta submeter ao estado exceção. Mas a potência da criação, a força instintiva da inquietação continua viva na terra, no Dragão que não aceita mais seu papel de vilão.

Em 1964, dez anos mais tarde do suici-DAR-se de Getúlio, o DOPS intima a classe teatral paulista a depor na “Operação Sindicância para Apurar a Infiltração Comunista no Meio Teatral.” Maria Della Costa (Juliane Elting) e Cacilda Becker (Sylvia Prado) têm uma inspiração estratégica de Grandes Atrizes da Política, que é a Arte do Teatro em si: Ambas pedem que os artistas compareçam à delegacia com fantasias de bons moços e moças, como num cortejo. Cacilda veste um Dior; Maria recorre a modelos da casa Vogue. Alugam dois Rolls-Royce, chamam toda a imprensa e descem com seus sapatinhos forrados de suas carruagens, sob as luzes da Tupi e dos flashes de todos os jornais e revistas. Penetrando no pardieiro do DOPS, Cacilda e Maria Della Costa respondem ao interrogatório com uma clareza que deixa constrangido o delegado (Acauã Sol), diante das TVs que filmam a cena. As duas libertam não somente Cleyde Yáconis (Letícia Coura), como obtém a abertura de todos os teatros fechados depois de 1º de abril. Além desses, estão na montagem personagens importantes da história política e cultural brasileira, como Ítala Nandi (Liz Reis), Jango (Glauber Amaral), Darcy Ribeiro (Roderick Himeros), Maria Alice Vergueiro (Danielle Rosa), Brizola (Marcelo Drummond) e Marighlella (Glauber Amaral), entre outros.

Hoje o país ainda sofre os efeitos de uma Ditadura que insiste em se reinventar nos pequenos detalhes: o Poder do Estado pretende proibir o ato de manifestar-se livremente, com ou sem máscaras. Ao mesmo tempo, apresenta orgulhosa a nova armadura dos soldados da PM, uma máscara de corpo inteiro, fantasia de Robocop, para ser usada na “segurança” da Copa. A Cia. Oficina Uzyna Uzona, então, pergunta: Como nós, corpos sujeitos da vida e da história, seres livres vivos, vamos contracenar com esta estranha entidade – pessoa tanque de guerra de ficção científica?

Walmor y Cacilda 64 – Robogolpe foi apresentada pela primeira vez ao público no último dia 1º. de abril, como uma leitura encenada da programação da Vigília pela Liberdade, projeto que envolveu diversas companhias teatrais paulistas, convidadas para transformar em obra de arte suas visões sobre os 50 anos do Golpe Militar. Com a excelente recepção do público, a Cia. Oficina Uzyna Uzona decidiu continuar com os ensaio do texto e produzir o espetáculo para uma breve temporada de seis semanas. Walmor y Cacilda 64 – Robogolpe aparece, portanto, como um entreato da Odisseia Cacilda, que já deu vida a quatro espetáculos independentes e complementares: Cacilda! (de 1998, com uma exclamação), Estrela Brazyleira a Vagar – Cacilda!! (de 2009, com duas exclamações), Cacilda!!! Glória no TBC e 68 AquiAgora (com três exclamações, de 2013) e Cacilda!!!! A Fábrica de Cinema & Teatro (com quatro exclamações, também de 2013). A montagem de Cacilda!!!!!, com cinco exclamações, está prevista para estrear em julho desse ano.


Walmor y Cacilda 64 – Robogolpe

Dramaturgia e Direção: José Celso Martinez Corrêa
Conselheira poeta: Catherine Hirsch
Direção Musical: Adriano Salhab, Montorfano e Giuliano Ferrari
Trilha sonora original: Zé Celso e Cia. Oficina Uzyna Uzona

Temporada: De 26/04 a 29/06, sempre aos sábados (21h) e domingos (19h)
Local: Teat(r)o Oficina – Rua Jaceguai, 520. Tel: 11. 3106-2818.
Ingressos: R$ 40,00 (inteira) e R$ 20,00 (meia) e R$5,00 (moradores do Bixiga, mediante comprovação de residência. Meia entrada para idosos, artistas, professores e cartão Petrobras. Vendas pela Compre Ingressos ou na bilheteria do Teatro Oficina, uma hora antes da sessão.
Capacidade: 300 lugares
Duração: 120min
Indicação etária: 16 anos
Transmissão ao vivo pelo site www.teatroficina.com.br


                                                             Zé Celso "Nono"
                                                      Marcelo Drummond e Camila Motta
                                                          Walmor & Cacilda
                                                                Roderick Himeros
Liz Reis "Ittala Nandi"

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