sábado, 31 de maio de 2014

Compartilho um trecho, do livro que estou lendo "O Olho Imóvel pela Força da Harmonia", de Willian Wordsworth, e recomendo, vale apena ler o livro. No momento me trás o que mais desejo, ouvir e sentir. Nem sei se estou misturando tudo, ou se depois de escrever vou mudar totalmente minha opinião e vontade, afinal como li uma vez em um dos livros do Artaud, acho que no “Teatro e seu Duplo”, ou talvez mais provável ou em ambos, no “Van Gogh o suicidado da sociedade”, que tudo que é (está) escrito está morto, “Toda escrita é porcaria” ou algo assim, porque, transforma imediatamente.
E neste caso vou dizer que tenho a impressão que passamos à vida, com certa dose de insatisfação, e escuto muita “bobagem/confusão” por aí, principalmente, quando pessoas falam de sucesso, fracasso e amor. O que posso notar é que definitivamente, as pessoas, e que fique bem claro, que não estou me excluindo, já se maltrataram tanto, que não sabem mais nada. Falo com meus amigos todos os dias, e me assusto com suas paixões descabidas, com suas covardias profissionais, emocionais, uns querem tudo, e nada o satisfaz, outros ficam projetando amores, ou negando, sem falar nos estereótipos, cada vez mais as pessoas são ou querem ou precisam ser diferentes, vestir suas máscaras, quando estão em grupos.
Lendo os versos escritos a poucas milhas da Abada Tintern, Revisitando as Margens do Rio Wye, 13 de julho de 1798. Minha memória retornou para o rosto de um antigo namorado, que certa vez no auge da sua paixão, escreveu-me uma poesia linda, e disse-me, “quando olho pra você, vejo, sinto todos os elementos da natureza e todas as Deusas em uma única mulher”, ele me disse com tanto amor e brilho no olhar, que fiquei totalmente sem graça, mas nunca mais esqueci, a força como ele me olhou e emitiu as palavras, e eu, infelizmente, não entendia, e talvez nem soubesse amar com tanta intensidade, mas confesso que senti certa dose de inveja do sentimento que ele conseguia expressar, mesmo sendo pra mim, o que fica quase patético, porém, eu não alcancei toda a beleza daquele momento.
Queremos tanto ser amados e amar que às vezes, agimos totalmente na contramão.
Volto ao trecho da contemplação e ligação do poeta com a natureza, pois o objetivo não é relatar amores pessoais, e sim, encontrar na natureza, o que podemos ter no todo do no ser, e aí, todo o resto será forte e verdadeiro, mas principalmente leve, em paz.

... “Deixa a lua brilhar
Brilhar sobre ti na tua trilha solitária,
E liberta os ventos enevoados da montanha
Para que sobre ti se esparjam: E nos anos futuros,
Quando amadurecerem os êxtases selvagens
Num sóbrio prazer e tua alma
Tornar-se morada das belas formas,
E tua memória amparar
Todas as doces harmonias e sonoridades;
Oh! Aí, se a solidão, o temor, a dor e o pesar
Te afligirem, lembra-te-às de mim
Com pensamentos benéficos de terna alegria
E de minhas encorajadoras palavras! Nem mesmo
Se ficar longe de tua voz,
Ou entrever nos teus olhos selvagens os brilhos
De tua antiga existência – esquecerás
Que nas margens deste formoso riacho
Estivemos juntos e eu, que por tanto tempo
Tenho sido um devoto da Natureza, aqui me encontro
Incansável neste labor e , mais que isso, chego
Com um amor intenso – e com um zelo mais profundo
Do mais sagrado amor. Nem esquecerás
Que mesmo após muito vagar e tantos anos
De ausência, esses íngremes bosques e altivos penhascos
E esta verde paisagem pastoril foram para mim
Mais caros tanto por si sós quanto por ti”...

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